terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A Voz Do Silêncio

A Voz Do Silêncio -


Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.


Simples, rápido! E quanta força!


Imediatamente me veio à cabeça situações
em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.


Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.


Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.


Só ele permanece imutável,
o silêncio, a ante-sala do fim.


É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,
pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de entendimento.


Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.


Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar:
"Diz alguma coisa, mas não fica
aí parado me olhando!"


É o silêncio de um, mandando más notícias
para o desespero do outro.


É claro que há muitas situações
em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha
com uma britadeira na rua,
o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche,
o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock,
o silêncio é um sonho.


Mesmo no amor,
quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz.


O único silêncio que perturba,
é aquele que fala.


E fala alto.


É quando ninguém bate à nossa porta,
não há emails na caixa de entrada
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem.


Marta Medeiros

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Até as Águias Precisam de um Empurrão

..." , no momento em que nos comprometemos definitivamente, a Providência também entra em movimento. Ocorre todo o tipo de coisas para nos ajudar, coisas que de outro modo nunca teriam acontecido. Toda uma corrente de eventos surge a partir das decisões, trazendo a nosso favor todo o tipo de incidentes, encontros e auxílios materiais imprevistos, que ninguém poderia sonhar que estavam vindo em sua direção."



quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Livro: Agora Deus vai te pegar lá fora, de Carlos Moraes


No mais recente livro de Carlos Moraes, o ótimo Agora Deus vai te pegar lá fora, há um trecho em que uma mulher ouve a seguinte pergunta de um major: "Por que você não é feliz como todo mundo?". A que ela responde mais ou menos assim: "Como o snhor ousa dizer que não sou feliz? O que o senhor sabe do que eu digo para o meu marido depois do amor? E do que eu sinto quando ouço Vivaldi? E do que eu rio com meu filho? E por que mundos viajo quando leio Murilo Mendes? A sua felicidade, que eu respeito, não é minha, major".


E assim é. Temos a pretensão de decretar quem é feliz ou infeliz de acordo com nossa ótica particular, como se felicidade fosse algo que pudesse ser visualizado. Somos apresentados a alguém com olheiras profundas e imediatamente passamos a lamentar suas prováveis noites insones causadas por problemas tortuosos. Ou alguém faz uma queixa infantil da esposa e rapidamente decretamos que é um fracassado no amor, que seu casamento deve ser um inferno, pobre sujeito. É nessas horas que junto as pontas dos cinco dedos da mão e sacudo-a no ar, feito uma italiana indignada: mas que sabemos nós da vida dos ouitros, catzo?


Nossos momentos felizes se dão, quase todos, na intimidade, quando ninguém está nos vendo. O barulho da chave da porta, de madrugada, trazendo um adolescente de volta pra casa. O cálice de vinho oferecido por uma amiga com quem acabamos de fazer as pazes. Sentar no cinema, sozinha, para assistir o filme tão esperado. Depois de anos com o coração em marcha lenta, rever um ex-amor e descobrir que ainda é capaz de sentir palpitações. Os acordos secretos que temos com com filhos, netos, amigos. A emoção provocada por uma frase de um livro. A felicidade de uma cura. E a infelicidade aceita como parte do jogo - ninguém é tão feliz quanto aquele que lida bem com suas precariedades.

O que sei eu sobre aquele que parece radiante e aquela outra que parece à beira do suicídio? Eles podem parecer o que for e eu seguirei sem saber de nada, sem saber de onde eles extraem prazer e dor, como administram seus azedumes e seus êxtases, e muito menos por quanto anda a cotação de felicidade em suas vidas. Costumamos julgar roupas, comportamento, caráter - juízes indefectíveis que somos da vida alheia-, mas é um atrevimento nos outorgarmos o direito de reconhecer, apenas pelas aparências, quem sofre e quem está em paz.

A sua felicidade não é a minha, e a minha não é a de ninguém. Não se sabe nunca o que emociona intimamente uma pessoa, a que ela recorre para conquistar serenidade, em quais pensamentos se ampara quando quer descansar do mundo, o quanto de energia coloca no que faz, e no que ela é capaz de desfazer para manter-se sã. Toda felicidade é construída por emoções secretas. Podem até comentar sobre nós, mas nos capturar, só se permitirmos.



domingo, 14 de junho de 2009

Jane Austen (1775-1817) - Filme: A Casa do Lago

Jane morreu em Winchester, um ano antes de ser publicado Persuasion, no qual foi baseado o romance estrelado por Sandra Bullock e Keanu Reaves – A Casa do Lago. O Romance conta a história de duas pessoas que se conhecem e quase se apaixonam, só que não é o momento certo e elas se separam. Alguns anos depois elas se reencontram e tem a oportunidade de viver o quase amor novamente, mas elas se indagam sobre a espera e chegam a conclusão de que o tempo passou para ambos e já não há mais sinais daquele grande amor.

Trecho de "Persuasão" - Jane Austen


Não posso mais ouvir em silêncio. Preciso falar com você pelos os meios de que disponho neste momento. Você fendeu minha alma. Sou metade agonia, metade esperança. Não me diga que é tarde demais, que sentimentos tão preciosos foram-se para sempre. Ofereço-me para você de novo com um coração muito mais seu do que quando você quase o despedaçou há oito anos e meio atrás. Não se atreva a dizer que o homem esquece mais rápido do que a mulher, que seu amor morre mais cedo. Eu tenho amado somente você, mais ninguém. Injusto posso ter sido, fraco e ressentido também, mas nunca inconstante. Você, apenas você trouxe-me para Bath. Faço planos pensando somente em você. Você não ainda percebeu? Terá você falhado em entender meus desejos? Eu não teria esperado nem estes dez dias se tivesse podido ler seus sentimentos como eu penso que você penetrou nos meus. Quase não posso escrever. A todo instante ouço alguma coisa que me atordoa. Você abaixa sua voz, mas eu posso distinguir seus tons mesmo quando perdidos em meio aos outros. Boníssima e excelente criatura! Você nos faz justiça, deveras. Você crê que há afeto verdadeiro e constância entre os homens.

(Fonte: http://janeausten.com.br/tag/persuasao/)

Jane Austen (1775-1817) - Persuasão - 1818

O livro "Persuasão" (de 1818) é uma obra póstuma da grande escritora inglesa Jane Austen. Ela é famosa pelos livros "Razão e Sensibilidade" (obra já filmada), "Ema" e "Orgulho e preconceito" (este também filmado recentemente numa belíssima produção). Jane Austen é considerada a segunda figura mais importante da literatura inglesa (ficando atrás apenas de Shakespeare). Viveu em relativo isolamento e nunca se casou. "Persuasão" não é achado facilmente em edição brasileira (achei-o apenas em uma edição portuguesa) e foi o último romance escrito por Jane em que encontramos a heroína "Anne Elliot" (considerada a mais notável). É considerada sua obra mais madura e se afasta do tom predominantemente satírico de seus romances anteriores.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Minha Biblioteca Virtual


Meu perfil no Shelfari. Livros que li e ainda pretendo ler. Ainda estou acrescentando livros e acho que vou longe.

Para quem gosta de ler e criar uma rede de relacionamentos via books é bem interessante.